sábado, 18 de fevereiro de 2012

O carnaval que iniciou um ano

Há quem diga que, no Brasil, o ano só começa depois do carnaval. Faculdades com números irrisórios de alunos durante as primeiras semanas de fevereiro só reforçam esse estereótipo tupiniquim, e a produção nacional passa a se sentir ameaçada com tamanho mito acerca da folia momesca. Será que as pessoas dão o melhor de si antes de pular atrás do trio elétrico? Especulações à parte, o ano de 2012 vem representando com fidelidade o questionamento em questão.

A ocupação dos grupos de policiais grevistas na Assembleia Legislativa de Salvador, no fim de janeiro, assustaram os soteropolitanos e turistas que viam seu carnaval sob ameaça. Em estudo feito pela ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, a capital baiana aparece como a 22ª cidade mais violenta do mundo, e uma redução de contingente policial assustava a todos, menos os patrocinadores do carnaval, que estavam otimistas com a organização do evento. “Achamos legítimo que cada categoria possa reivindicar, mas estamos otimistas que o melhor vai acontecer para todos”, disse o diretor de marketing do Itaú, Fernando Chacon, em entrevista ao Bahia Notícias. Nos quatro primeiros dias da greve da polícia militar 50 homicídios foram registrados em Salvador e região metropolitana, fazendo o número dobrar em relação a média normal, que já credenciava a cidade como a 22ª mais violenta do planeta.

Tudo “acabou bem”. Ninguém conseguirá recuperar as vidas perdidas durante o período, tampouco o número de turistas que cancelaram suas vindas para o carnaval devido a falta de segurança da cidade. Mas o carnaval está rolando, o Campeonato Baiano sequer chegou a parar, a cerveja continua gelada e o Bahia agora usa Nike. Para quem só espera começar um ano depois da festa momesca, a quantidade de episódios e causos nos dois primeiros meses do ano não deixaram a desejar, e agora sim as aulas vão começar, a "segurança voltará", e tudo "voltará ao normal". O que esperar para o resto do ano? Se o mundo não acabar até lá, talvez nós acabemos com o mundo.

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