Filme 'Tropa de Elite 2' emociona e faz refletir, mas para mobilizar, depende dos brasileiros
[Se você não viu o filme, é melhor não ler a postagem abaixo]
O mais novo filme de José Padilha não fala de super-heróis ou conspirações ilusórias: comparar Nascimento com Rambo é mais do que inadequado, torna-se uma ofensa. Com o seu vigor voltado para causas reais - e não fantasiosas, o personagem Roberto Nascimento sofre incrível mudança de reflexão ao ver de perto a raiz de todos os problemas que envolveram a sua carreira de policial.
Tropa de Elite 2 começa com uma interessante reflexão sobre a vida, na voz em off do seu protagonista. "Às vezes só damos valor a vida quando estamos perto da hora da morte". Em seguida, a nova cena não da sequência a anterior, o que aponta claramente que o início do filme poderá também ser a cena final, culminando na morte do policial.
Até o momento em que o tenente-coronel faz parte do BOPE, o segundo filme é um anexo do primeiro: uma obra focada em mostrar o ponto de vista do policial, fato este que fez José Padilha ganhar o rótulo de "fascista" por quem nada entende de arte - arte é diálogo livre, sem apologias ou moralismos. Uma operação no presídio de Bangu 1 tem um desfecho indesejado, um ativista dos direitos humanos vai a imprensa criticar a violência policial, e as consequências da repercussão na mídia foram o afastamento de Nascimento do BOPE e a transferência de Mathias (seu substituto "escolhido" no primeiro filme) para a polícia comum, onde ele fez parte e pôde experimentar a falta de seriedade dos colegas.
As coisas mudam de figura quando Nascimento é nomeado como subsecretário de segurança pública do Rio de Janeiro: ainda com a mentalidade de um policial, o ex-tenente-coronel transforma o BOPE numa máquina de guerra, enfraquecendo de vez o tráfico com um trabalho de extrema repressão. Seus blindados, helicóptero e nova organização institucional, no entanto não previa a troca de poder nos morros: com o enfraquecimento dos traficantes, as milícias tomaram conta das favelas, cobrando taxas dos moradores em troca de não fazê-los mal. Água, gás, TV a cabo pirata: todo dinheiro arrecadado do monopólio das milícias enriquecia policias corruptos responsáveis por "dar segurança aos moradores", e mais tarde, a arrecadação vira arma política para eleger um governador corrupto conivente com as falcatruas.
Nascimento então tenta brigar contra o sistema, e paga muito caro. Desvendar as ilegalidades não era fácil quando se estava num ninho de cobras, e com o pretexto de recuperar armas roubadas de uma delegacia, a polícia comum decide invadir outra comunidade para aumentar o território da milícia. Ao decorrer do filme, reflexões vão amadurecendo, e Nascimento vai enxergando o problema de segurança pública como mais profundo do que a simples repressão a bandidos: os maiores responsáveis pela corrupção estão no poder, e com anos exercendo a profissão de policial, sua reflexão na CPI das milícias dá o tom do que pode ser o terceiro filme. "Eu fui policial durante 30 anos, e não sei por que matei, e por quem matei". Tropa de Elite 2 é mais do que um filme: é uma ferramenta de conscientização que foge da didática escolar e nos faz refletir com cenas de derramamento de sangue que para combater a violência, é preciso se indispor e correr riscos.
Fotos do filme: http://www.flickr.com/photos/tropa2/
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