Texto escrito por Sílvio Benevides, meu amigo e meu professor de Sociologia e Comunicação e Política
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Embora seja um tema bastante recorrente nos meios de comunicação, falar dos benefícios que o esporte proporciona à saúde nunca é demais. A atividade física regular bem orientada é uma prática saudável não apenas do ponto de vista físico, mas também do ponto de vista psicológico. Evitarei tratar do tema aqui referido sob o enfoque da medicina, uma vez que não estou habilitado para enveredar por essa trilha. Entretanto, acredito poder dar um testemunho sobre os benefícios que a prática esportiva trouxe ao meu bem-estar psicológico.
Ouvia, com freqüência, profissionais da área médica falarem que os maiores inimigos do coração são o fumo e o sedentarismo. Como não fumo, decidi deixar de levar uma vida sedentária a fim de não fazer parte de uma horrível estatística: as doenças do coração são as que mais matam na minha família. Escolhi a natação para mudar meus hábitos porque adoro água.
Nos primeiros meses de natação tive muitas dificuldades, pois meu condicionamento físico era péssimo. Para completar um percurso de vinte e cinco metros, por exemplo, eu necessitava descansar a cada cinco. As dificuldades iniciais, porém, foram encaradas por mim como um desafio. Era preciso superar meus limites.
De tanto insistir nesse propósito, acabei conseguindo atingi-lo. Primeiro venci os vinte e cinco metros, depois os cinqüenta, os cem, os quinhentos e hoje posso me considerar em forma. Mas a prática esportiva regular não me deu apenas uma boa forma física. Ao superar meus limites dentro da piscina, acabei por superá-los também fora dela. Depois que comecei a nadar, senti que minha auto-estima se fortaleceu. Antes ela não conseguia resistir a mais frágil brisa, hoje se mantém em pé até mesmo diante de um furacão.
Quando percebemos através do esporte que somos capazes de superar nossos limites, não se trata de uma percepção despertada pelo incentivo de terceiros. Sentimos isso no próprio corpo. São nossos poros, nossas células, nosso sangue, a pulsação do nosso coração que nos diz que nossos limites podem sim ser superados. As mudanças físicas que ocorrem conosco são palpáveis, concretas.
Hoje consigo entender o que grandes atletas, como Pelé e Oscar Schmidt, por exemplo, querem dizer quando afirmam que o esporte pode ser um instrumento eficaz no processo de re-socialização de crianças de rua e menores infratores. O esporte trabalha a auto-estima do atleta porque tê-la em alta é fundamental para alcançar a vitória. Ajuda a controlar a agressividade, pois toda essa energia é canalizada para atingir um objetivo seja ele vencer um adversário ou a si mesmo.
O esporte não é apenas um instrumento de bem-estar físico e psicológico. É também um instrumento de bem-estar social, pois promove a disciplina, o respeito, a tolerância e a integração, além de ensinar àquele que o pratica a ser perseverante e resistente diante das dificuldades. A soma de todos esses fatores pode perfeitamente resultar em cidadania, que rima com democracia. Educação e esporte são, sem dúvida, a cura para nossas mais graves e crônicas doenças sociais. O Brasil precisa urgentemente compreender isso e passar a investir com seriedade nessas áreas (por Sílvio Benevides).
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