quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Música popular.

As elites, querendo impôr superioridade sobre o povo, fazem sua produção cultural complexa(pois tem dinheiro para possuir muitos instrumentos, à exemplo de uma orquestra, e para investir em aulas para aperfeiçoar a técnica, caso de estudiosos de diversos instrumentos caros- algumas vezes isso acaba robotizando o músico e tirando o que podem ter de melhor: a espontaneidade e criatividade) e chama o simples de simplório, mostrando nojo pelo popular(que só pode ser julgado após análise menos superficial que a habitual) e generalizando o povo(esquecendo que a sem identidade elite brasileira há muito tempo cultua o que veio do popular no exterior, como o Blues, e ''afirmando ter juntado este som com o 'aperfeiçoamento do samba', gerou 'sua' fusão, a Bossa Nova'', a enquadrou ào seu gosto e afirma para o exterior que, assim como a Áustria tem a música erudita e a Itália tem a ópera, a elite daqui também tem com que se identificar sem precisar olhar para fora para se diferenciar do seu povo).
De fato, há músicas populares que não me agradam(pelas letras em que eu não me identifico ou pelas melodias repetitivas como o arrocha e pagode), e pior: costumes como o de ligar o som alto afim de que todos ouçam seu som deveriam ser pensados por essas pessoas, ja que seu direito termina quando interfere no direito do outro, mas ào mesmo tempo, tem de se julgar esse fato com cuidado, pois gostaria de ouvir a explicação de um antropólogo para o costume(pelo menos muito forte na Bahia e Sergipe) de colocar o som no máximo, ja que para mim uma música pode ser apreciada num volume razoável com o mesmo prazer, e com a popularização dos fones de ouvido e mp3 portáteis, dá para levar seu som ào lugar que quiser e assim terminar essa polêmica. Sem julgamentos e precipitações, não considero falta de educação, apenas considero um costume diferente, assim como em alguns países asiáticos o arroto não só é permitido como é um sinal de que a comida está deliciosa(não há falta de educação, e sim costumes diferentes, nesse caso em que toda àquela comunidade deriva, seja povo ou elite, mas no Brasil, há costumes populares e costumes elitistas, e esses dois se chocam ào ponto de um não respeitar o outro porque não consegue entender justamente o que o leva a isso, e assim, jamais haverá conciliação e ninguém abrirá mão de seu costume como um indonésio que deixa de arrotar num restaurante no Brasil- por nas 'regras sociais locais' ser inapropriado).
É importante se levar em conta que meus ouvidos(um jovem educado em princípios sub-elitistas) foram educados a acreditar desde cedo que bonito é Mozart, assim como a visão induz(ou faz lavagem cerebral) no cinema e nos comerciais à preferência pela beleza branca. Repare que desde que você se entende como gente existe um bombardeio de informações à ponto de que, quando você chegar a maturidade cerebral(e fica muito mais difícil mudar os instintos que as propagandas criaram dentro de você), seus gostos e escolhas(de forma geral) muitas vezes são ditados por padrões de beleza, não é a toa que países exolados da África(em que a mídia internacional não bombardeia tanto as mentes de seus habitantes, como Etiópia e Somália) tem como ideal de beleza feminino as gordinhas*(inclusive há miss de mais de 100 kg); O que eles diriam das 'garotas das passarelas'?
Reconheço que há música que apele para o sexo porque isso dá dinheiro, e eu sou contra isso, não é bancando o politicamente correto insuportável, e sim porque com a facilidade e velocidade de baixar música hoje em dia, certamente elas irão parar em ouvidos inapropriados(crianças), mas também acho uma hipocrisia muito grande responsabilizar esse tipo de som pela precipitação do início da vida sexual dessa nova geração: a própria sociedade tem imposto um amadurecimento acelerado de todos os seres humanos, exigindo que se entre cada vez mais cedo no mercado de trabalho, que ja começe a tomar responsabilidade, que salve o planeta; Bom, é como se quisesse levar a tv esquecendo-se do controle remoto: o que ajudaria as crianças a retardarem mais sua adolescência e vida adulta seria a redução de exigências tão cedo, mas como isso é contra os interesses do mercado, se culpa o início da vida sexual, que acaba ocorrendo naturalmente de mãos dadas com essa correria sem freio do mundo que parece acelerar cada vez mais.
Chamar o povo de ignorante é uma ofensa ào oprimido que não lucra com essa indútria(inclusive quem ganha dinheiro com 'pagodes e arrochas' são os empresários, que não dividem seus lucros de forma justa com os artistas, e estes, muitas vezes vindo de baixo queriam o fim da opressão, mas ào ganhar dinheiro, descobriram que sua causa era individual e não coletiva, e resolveram ganhar dinheiro da forma mais fácil, a convencional). Essas músicas geram dinheiro que ficam concentradas na mão de poucos, e se a educação pública fosse melhor, as elites não roubariam idéias populares como a Bossa Nova(não sem pelo menos haver 'luta por direitos autorais').
O popular tem de ser compreendido, pois é um movimento que tem mexido na ferida das elites e sendo assim, pode ser uma arma para a revolução, ao mesmo tempo em que acredito que o povo brasileiro merece mais que essa triste realidade, de cotidiano miserável e música alienante, e deve se rebelar na própria música, por isso acho que o som de resistência das massas hoje em dia é o hip hop.

*Nesses países afrianos atualmente o ideal de beleza feminino 'cultua' as gordinhas por questões parecidas em outros tempos da história na Europa e Américas: pessoas fortes estavam ligados ào trabalho braçal e consequentemente, à pobreza; No caso, as gordinhas mostram no seu corpo o inverso da desnutrição na concepção desses povos(porém, se sabe que a obesidade não está ligada à inserção de todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do corpo humano, e sim ào excesso de alguns desses nutrientes, portanto, pode-se ser obeso e desnutrido ào mesmo tempo).

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