quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Eurocopa que deu e deixou... E a Copa das Confederações que está por vir...

Croatas na Euro 2012 | Foto: Rodrigo Cerqueira/Lance
O principal torneio de seleções da Europa é mágico. Arrisco dizer que a Uefa sabe fazer um espetáculo melhor que a Fifa, pelo menos é a impressão que eu tenho como telespectador. A competição europeia tem uma pegada mais “rock'n'roll”, há pouquíssimos jogos inexpressivos e me mobiliza tanto quando a Copa do Mundo.

Meu destaque da Euro 2012 foi a trilha sonora. Tinha música para tudo: na entrada das equipes perfiladas em campo, Heart of Courage, de Two Steps from Hell, deixava o clima de suspense tão intenso que parecia se tratar de uma batalha épica. Após a execução dos hinos nacionais, era a vez da música Sirius, de Alan Parsons, inflamar as arquibancadas, que deliravam com a contagem regressiva dos alto-falantes do estádio para a bola rolar. A música também é tocada nos jogos do Chicago Bulls. E o que falar do "hino informal" do torneio? Seven Nation Army, de White Stripes, era entoado apenas em vogais, "ô, ô ô ô ô"... Com tanta música boa, o hino oficial da Euro, Endless Summer, de Oceana, ficou ofuscado. E olhe que é consideravelmente mais interessante (na minha opinião) que as músicas que costumam tocar na Copa do Mundo.

Sábado tem sorteio da Copa das Confederações. Que a trilha sonora seja boa e não reflita o patriotismo infantil de alguns brasileiros que sequer conhecem de música brasileira.





sábado, 24 de novembro de 2012

Os melhores do ano na minha avaliação


Agüero fez o gol mais emocionante do ano (na minha opinião) | Foto: AFP
Já que a CBF definiu os melhores do Brasil antes mesmo de sua festa “coxinha”, vou selecionar o que achei de melhor (e pior) no ano de 2012. Não vou fazer uma escalação, mas escolher o gol mais emocionante, a maior vibração de uma torcida, o gol mais bonito, a melhor defesa, o gol perdido e a maior frustração do ano. Em tempo: coxinha é uma gíria que aprendi com Mauro Cezar Pereira, da ESPN, e se refere a algo ou alguém "engomado", "arrumadinho" e "criado pela avó", assim como a festa dos melhores do ano que acontece em dezembro no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com jogadores vestindo paletó e cartolas distribuindo sorrisos para as câmeras, algo bem diferente da atmosfera vibrante dos estádios de futebol.

Gol mais emocionante: Sérgio Agüero (Manchester City), aos 48 do segundo tempo contra o Queens Park Rangers pela última rodada da Premier League, no dia 14 de maio.

Em um ano de tanta quebra de paradigmas, com o Corinthians vencendo Libertadores, Chelsea faturando Champions League e o Bahia voltando a ser campeão baiano após 11 anos, foi do Manchester City, na minha opinião, o gol e a comemoração por título mais emocionante. Tá, o time tem como dono um sheik que provavelmente nunca chutou uma bola de futebol. Mas sua torcida, apaixonada, sofredora, não é fruto de negociação, e após 44 anos, o “primo pobre” da cidade de Manchester pôde gritar “campeão”. Detalhe: o City precisava vencer e perdia até os 46 do segundo tempo, quando o bósnio DzekoMe empatou. A virada foi surreal, me emocionei. 


Maior vibração de uma torcida: Escoceses em Celtic-2x1-Barcelona, no dia 7 de novembro.

Não valeu título, tampouco classificação para a fase de mata-mata da Champions League, já que o Celtic está na terceira colocação do Grupo G e precisa de combinação de resultados para seguir adiante. Mas a vitória contra o melhor time do mundo transformou Glasgow na cidade mais vibrante do mundo por algumas horas. Isso no aniversário de 125 anos da equipe escocesa.


Gol mais bonito: Ibrahimovic, pela Suécia, contra a Inglaterra, no dia 14 de novembro.

Uma imagem vale mais do que mil palavras. O gol de Ibra foi o melhor do ano pela plasticidade, embora se tratasse de um amistoso em que sua seleção venceu por 4 a 2 na inauguração da Friends Arena, em Estocolmo. E que inauguração...


Melhor defesa: Cássio, do Corinthians, contra o Vasco nas quartas da Libertadores, no dia 23 de maio.

Além da plasticidade, a importância da defesa se dá pela opinião dos próprios torcedores do Corinthians: muitos dirão que foi o lance mais importante para a inédita conquista da Libertadores. O jogo de ida, em São Januário, havia sido um empate sem gols e no momento em que Diego Souza correu sozinho com a bola, o confronto brasileiro estava 0 a 0. Um gol, ali, possibilitaria ao Vasco abrir o placar e poder levar até um gol, faltando 35 minutos para o fim da partida. Mas Cássio foi lá e buscou no canto. No final, Paulinho fez o gol da classificação para o time paulista.


O gol perdido: Deivid, do Flamengo, na derrota para o Vasco por 2 a 1 pela semifinal da Copa Guanabara, 22 de fevereiro

Os ares do Flamengo não eram dos melhores com a saída de Luxemburgo por conta de mau relacionamento com os jogadores. O gol perdido por Deivid reflete o que foi 2012 para o clube com mais torcedores do Brasil: inacreditável, mas negativamente. Ao chegar no Coritiba, o atacante recuperou seu futebol. Mas aquele lance já entrou para a história do futebol. Já o Flamengo, ainda procura entrar no eixo, apesar de ter escapado do rebaixamento.


Maior decepção: Flamengo-3 x 3-Olimpia no Engenhão, pela primeira fase da Libertadores, 15 de março

Clubismos à parte, a eliminação do Flamengo na primeira fase da Libertadores foi decepcionante (e eu não sou flamenguista) e se desenhou quando o time carioca não conseguiu segurar os paraguaios após vencerem por 3 a 0 faltando 15 minutos para o fim do jogo. Se algum torcedor, naquela noite, decidiu sair do Engenhão mais cedo para evitar engarrafamento, já que o jogo estava definido, e não ligou o rádio no caminho para casa (seja no carro ou no ônibus), certamente não acreditou no que aconteceu ao receber a notícia. Apesar de favorito a segunda vaga do Grupo 2, o Olimpia perdeu em casa para o Emelec e terminou como lanterna. O Flamengo venceu o Lanús na última rodada, mas não evitou sua eliminação precoce no dia 12 de abril. Para esquecer.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Não era a hora de mandar Mano para fora

Foto: Julio Cesar Guimarães/ UOL
Se você foi a favor da demissão do treinador Mano Menezes da seleção, reflita sobre o seguinte.

- Como você se sentiria se, em dois anos e meio na sua empresa, você não conseguisse cumprir as principais metas das quais sua contratação se condicionou e, próximo de justamente “entrar nos eixos”, fosse mandado para fora? Some-se a isso os fatos que:

1.    Você não tinha o melhor material para desenvolver um bom trabalho.
2.    A decisão tenha acontecido no semestre em que a empresa mudou de diretoria.

É nesse cenário em que o gaúcho de Passo do Sobrado levou um pé na bunda do presidente da CBF, José Maria Marin, e do vice Marco Polo Del Nero. Essa nem de longe era a pior fase do técnico. Cheguei a imaginar que a partida entre Brasil e Gana no dia 5 de setembro do ano passado, em Londres, seria sua última no comando. Após uma pífia campanha na Copa América e uma derrota em amistoso contra a Alemanha em Stuttgart com falha indivudal de André Santos, cliente de seu empresário Carlos Leite, Mano encontrava dificuldades para vencer a equipe africana, mas achou um gol redentor de Leandro Damião. O que falar do fiasco da Olimpíada então? Com muito sofrimento o “Scratch Canarinho”, que era a base do time que vai à Copa, bateu Honduras nas quartas de final, mas uma derrota para o México na decisão do sonhado ouro era o resultado que condicionaria uma demissão. Não para a direção da CBF, que após a derrota frustrante na final, parece ter esperado um vexame maior. Não aconteceu.

O time passava a ganhar consistência pela primeira vez. Tido como um dos maiores atacantes da atualidade, o colombiano Falcao Garcia foi anulado pelo sistema defensivo de Mano, levou um gol em falha individual de Leandro Castán, improvisado na lateral-esquerda, deixou de virar o placar após Neymar perder um pênalti e saiu de campo com o resultado de 1 a 1 contra uma equipe que, acredito eu, tem condições de surpreender em 2014. Se o resultado não agradou, a organização tática passava a ter uma cara. Que pode desfigurar com a chegada de um novo treinador.

Mano e toda a comissão técnica foram demitidos. Mas o diretor de seleções, Andrés Sanches, ainda continua no cargo e, em entrevista coletiva, disse ter defendido Mano, que treinou o Corinthians no tempo em que ele era presidente do clube.

- Eu achava que não era o momento. Entendo os motivos, os critérios e entendo o desejo de um novo planejamento para o ano que vem. Venho há meses defendendo a continuidade do trabalho, mas entendo e sei respeitar a hierarquia. Respeito, atendo e aceito.

No entanto, porque será que Andrés não levou um pé na bunda?

- O Andrés é um cara que eles não tocam porque é um cara que tem meio-campo com Lula, Dilma, e eles precisam muito disso. Eles não têm nenhuma entrada, e o único que pode amenizar alguma coisa, e nesse momento é sempre importante ter algum meio-campo para que não se intensifique olhar de polícia federal ou um monte dessas coisas, você precisa ter algum meio-campo, alguma entrada com Lula e Dilma e o Andrés é o cara dessa entrada. Então apesar de eles terem de engolir, de não ser do agrado, mas eles acabam engolindo o Andrés muito por causa disso - comentou o jornalista Lúcio de Castro no Bate-Bola primeira edição, da ESPN, algumas horas antes da demissão de Mano, quando o assunto era mera especulação.

Curiosidade 1: Sediada no Rio de Janeiro, a CBF, na verdade seu presidente, decidiu por fazer a reunião na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), da qual Marco Polo Del Nero preside, além de ser vice da CBF. Paulista, José Maria Marin, também na opinião de Lúcio de Castro, dessa vez depois da demissão, estaria por vaidade tentando tirar todas as raízes plantadas por Ricardo Teixeira, ainda que estas, se mantidas, pudessem render frutos. Após se perpetuar por 23 anos no poder, Teixeira, mineiro e muito ligado ao Rio de Janeiro, se envolveu em diversas acusações e, em um perfil extremamente nojento na revista Piauí, revelou estar “cagando” para acusações, algumas delas comprovadas.  

Curiosidade 2: Nova rixa entre paulistas e cariocas? Em 1930, a Confederação Brasileira de Desportos, CBD (atual CBF), assim como hoje, era sediada no Rio de Janeiro, que na época era a capital federal. Em tempos em que a política falava tão alto quanto dentro de campo, a seleção que disputou a primeira Copa do Mundo era composta por cariocas.