sábado, 13 de outubro de 2012

Curtos questionamentos sobre os esportes

Matéria com treino do Boston Celtics | Imagem: Reprodução

- A Seleção Americana de Basquete principal, apelidada de “Dream Team”, teria tempo de sobra para exibir sua performance pelas quadras do mundo todo, já que a temporada regular da NBA acontece de outubro a abril do ano seguinte. No entanto, os maiores astros do basquete mundial não topam “qualquer parada” e apesar de competirem na Olimpíada contra outras equipes nacionais, não disputam os Jogos Pan-Americanos. Então, porque a Seleção Brasileira de Futebol se submete a levar seus principais jogadores para amistosos com equipes pequenas e em lugares sem infra-estrutura? A ganância não colabora para “desvalorizar” uma seleção cinco vezes campeã do mundo?

- Ao contrário do futebol pelo Brasil e pelo mundo, os treinamentos dos times dos esportes americanos não têm tanta cobertura jornalística. Entrei rapidamente nos sites de alguns times de baseball, futebol americano e basquete e não encontrei com facilidade imagens e relatos de treinamentos, com informações sobre quem vai jogar, entrevistas coletivas e fotos dos jogadores treinando com seus uniformes de treino, como se consegue achar sem problemas nos sites que cobrem futebol no Brasil e na Europa. Na verdade, só achei uma matéria em vídeo do time da NBA Boston Celtics. O que será que os cadernos de esportes dos Estados Unidos passam de informação, já que os treinamentos não parecem ter cobertura diária dos setoristas?

Alemanha tem maior média de público |  Borussia Dortmund | Divulgação
- O Brasil não é o país do futebol. Até as segundas divisões da Alemanha e Inglaterra têm maior média de público que o Brasileirão. Primeira Divisão do futebol alemão, a Bundesliga atrai em média 45.116 torcedores por jogo.Na minha opinião, os alemães são merecedores de dias melhores no futebol não só por fazerem parte do torneio com maior média de público, mas também pela transparência dos seus times, que não têm histórico de lavagem de dinheiro como em outros países europeus por ter um rígido controle financeiro, como Paulo Vinícius Coelho comentou em palestra em Salvador.

- Está certo que nos jogos de baseball, futebol americano e basquete não há bonitas festas com bandeiras, côros, percussão, sinalizadores e gente pulando, mas os estádios estão lotados em todos os jogos. Uma boa gestão pode ser a explicação, mas a má gestão do futebol brasileiro não justifica a pífia média de público do Brasileirão até a 23ª rodada dessa temporada, de apenas 12.031 torcedores por jogo. Para mim, não existe preço do ingresso ou distância dos estádios que justifique, já que em dias de clássico os estádios lotam e nem por isso os preços diminuem ou os estádios são transferidos para regiões centrais. A fidelização de um torcedor não deve ser oportunista, pois não se apoia o Engenhão ou o Maracanã como protagonista da festa, e sim o Flamengo, Fluminense ou Botafogo. Os mesmos torcedores que reclamam dos preços preferem vaiar seus jogadores a protestar contra suas diretorias, o que mostra o descaso geral quanto às condições de se melhorar o espetáculo.

- Os Estados Unidos, que tem maior mobilização popular por esportes como futebol americano, baseball, basquete e hóquei no gelo, tem média de público maior que o Brasil no principal torneio de futebol nacional. A Major League Soccer (MLS) conta com times dos EUA e do Canadá e atrai, em média, 17.869 torcedores por jogo. China, Japão, Rússia, Escócia e Suíça também contam com maior média de público que nossa Série A. Uma vergonha.

- O futebol toma a maior parte dos noticiários de esportes no Brasil e os praticantes e apaixonados por esportes amadores culpam a imprensa pela hegemonização da “paixão nacional”. São poucos os fãs de “esportes alternativos” que fazem autocrítica sobre as condições que são dadas aos jornalistas para a cobertura de suas modalidades. Dirigentes e até atletas precisam se mobilizar para tornar viável o crescimento do seu esporte, que se exposto na mídia sem cuidados com infra-estrutura passarão uma má impressão para quem não o conhece. Ambulância nos jogos, equipes padronizadas, espaço seguro para que o repórter possa guardar seu material enquanto faz entrevistas nos intervalos e arquibancadas com um mínimo de conforto para atrair novos torcedores são “o mínimo” para que o esporte amador passe a ser um pouco, digamos, “profissional”. E só uma dose de “profissionalismo” pode atrair gente que não está disposta a se aventurar em eventos demasiadamente “underground”.

- Clique nesse link e confira as médias de público em torneios de futebol pelo mundo e em que posição o Brasileirão se encontra no ranking.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O esporte de uma só tradição

Zona de strike do baseball

Rituais, símbolos e códigos de conduta não modificariam o nível da competição, mas fazem diversas modalidades esportivas terem seu caráter. O ato de ajoelhar enquanto um jogador está machucado é obrigatório nas partidas de futebol americano, assim como o cumprimento ao adversário após a luta fez o judô atravessar séculos. No futebol não há uma tradição específica, a não ser a resistência dos “donos da bola” pelo uso da tecnologia.

Todos os valores ensinados nos primórdios do “football”, ainda no século lXX, parecem ter sido varridos com o tempo. Os mais conservadores podem atribuir a “modernização indesejada” ao profissionalismo, que contribuiu para o fim do aspecto “cavalheirístico britânico”, mas a defesa das regras, importante para se manter a identidade de um esporte, extrapola o bom senso no caso da modalidade jogada com os pés. Com a tecnologia dos dias de hoje seria possível solucionar ao menos dois dos principais problemas da arbitragem: o impedimento e o momento de dúvida em que nem os árbitros atrás do gol conseguem perceber se a bola entrou ou não.

Tenho acompanhado baseball e futebol americano e percebi que esses esportes não existiriam da forma profissional como a de hoje se não fosse a tecnologia. No caso do baseball, a zona de strike, que é o campo de visão do arremessador entre os joelhos e o peito do rebatedor (que atua no outro time), é exibida ao vivo durante as transmissões para não deixar dúvida se a bola entrou ou não na zona de strike. O arremessador, então, precisa jogar com força e efeito na área delimitada. 

No futebol americano, diversas faltas podem acontecer fora do lance e longe da bola. O uso das câmeras facilita o trabalho dos árbitros. Porém, esses dois esportes contam com mais paralisações que o futebol, que não pode perder a contagem corrida se quiser manter sua identidade. O uso da tecnologia apenas para verificar impedimentos e a posição da bola debaixo das traves não atrapalharia tanto com um chip na bola que emitisse resposta automática, que pudesse emitir um som a cada lance polêmico sem precisar de solicitação de consulta.